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PANC! É de comer?

Provavelmente você tenha em sua casa uma PANC e nem faça ideia que ela pode ter um papel mais nobre do que apenas ornamentar seu jardim. As PANCs, abreviatura de “plantas alimentícias não convencionais”, podem passar despercebidas por pensarmos que são apenas plantas que enfeitam o pátio ou até mesmo inços que brotam espontaneamente entre as plantas cultivadas.

As PANCs se referem à partes de plantas (folhas, frutos, caules, sementes, flores…) que podem ser consumidas cruas ou após preparo culinário. Além de plantas não convencionais, podemos considerar PANC as partes de plantas que normalmente descartamos, como por exemplo, as folhas da beterraba, da batata doce, as sementes da abóbora ou até mesmo o coração da bananeira.

Segundo pesquisas recentes, no mundo estima-se que 30.000 espécies vegetais possuem partes comestíveis mas, em contrapartida, 90% do alimento mundial vem de apenas 20 espécies. Isso demonstra a falta de conhecimento que temos em relação as possibilidades alimentícias que a natureza oferece. Quem nunca desprezou o matinho, os trevos ou aquelas “azedinhas” que nascem entre outras plantas sem nem imaginar que podem possuir um alto valor nutricional?

Muitos restaurantes no Brasil já utilizam as PANCs. A sobremesa de mil folhas com creme de caule de lírio e sorbet de flores de lírio-do-brejo é uma criação da chef  Helena Rizzo, do Maní, um dos melhores restaurantes do mundo. Outras espécies de flores são: a capuchinha, a flor do jambu, a flor do ipê, a alfazema, o hibisco e a rosa que, além de lindas, possuem sabor e valor nutricional. Dentre as plantas temos a taioba, o peixinho-da-horta, ora-pro-nobis, algumas espécies de cactos, serralha, língua de vaca, etc.

Obviamente, incluir as PANCs na sua alimentação não significa comer aleatoriamente. Algumas plantas podem ser tóxicas. Para quem quiser saber mais, indico o livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil”, autores Valdely Kinupp e Harri Lorenzi, da editora Plantarum.

As PANCs são uma fonte sustentável de nutrição, pois nascem facilmente em diversos tipos de clima e solo e crescem sem a necessidade de tecnologias, agrotóxicos e adubação. Instigue seu paladar e atreva-se a experimentar essa fonte alternativa de alimentos que a natureza espontaneamente lhe oferece!

Autora: Marina Guedes